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quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Flávio Jōshin


Flávio era meu amigo.

Ele me ensinou a sentar como uma montanha. Ele me ensinou que há perguntas prementes a serem respondidas.

Ele me ensinou a praticar.

(....)

Lembro-me dele, recentemente; em zazen, escutava o jogo dos sinos na rua. Ele pisa na soleira do zendo e declara, com voz forte: "praticantes, vida e morte são assuntos importantes". Lembro-me de quando comecei a praticar - tão pouco tempo! - e de como ele me impressionou como praticante. Eu tinha sempre uma carona certeira com ele, e estes dias, voltando de um sesshin, ele brincava: "eu sou uma mãe para você" - referindo-se aos inúmeros quilômetros rodados. Depois, explicava-se: é assim que nós fazemos, você precisa agora, um dia você dará carona para outros.

Com certeza, Flávio, com certeza. Flávio era meu amigo e ele me ensinou muita coisa.

(mensagem mandada por mim para a lista ZenSul em 30 de agosto de 2008, logo depois de saber da morte do Flávio)

sábado, 25 de abril de 2009

Plena Atenção

Quando "plena atenção" não é mais um conceito, a "plena atenção" existe, é "transmitida" e praticada.

Quando a /plena atenção/ é um conceito, ela pode ser imaginada, idealizada, e pode dar margem a pensamentos e fantasias diversos, e a diversas modificações e versões e perversões.

O blábláblá sobre viver no momento não passa de blábláblá; o zen at war e o uso da /plena atenção/ para facilitar a morte e a covardia das pessoas é um bom exemplo, além da idéia corrente de que praticar a "plena atenção" é apagar tudo da "cabeça", inclusive o desejo.

Ora, se for este o objetivo, não ter mais desejos e pensamentos, isto acontecerá, um dia ou outro - a morte virá, e, caso o azar de você-mesmo ter "reencarnado" ocorra, bem, a morte virá novamente. O sol vai virar gigante-vermelha, os oceanos ferverão lentamente, Madonna não mais "cantará" Hung Up, o universo como-o-conhecemos vai rachar ou romper ou ruminar ou regredir, talvez outro surja, talvez já tenha surgido, talvez nunca mais.

Vê? Tal peso já foi tirado dos seus ombros. Você já está, de antemão, morto. Não se preocupe com isto.

É este momento que não existe, no final das contas, cortado de um "antes" e "depois", que é o corte da lâmina que corta em um. Não é necessário fazer nada com ele, mas tendo você presciência de que tais "momentos" se repetirão durante "toda uma vida", a pergunta "o que fazer?" nada mais é que natural. E é a primeira pergunta que um "budista" - ou qualquer pessoa razoável - pode fazer, e comumente se faz: "o que fazer com este momento?"

E é então que toda a confusão começa.