quarta-feira, 8 de abril de 2009


"Zen é mente-una. Não é necessário tentar não pensar. Está tudo bem em deixar a sua mente ser como é. O koan do monge e da jovem mulher é a história de uma relação entre perceber outra pessoa porque percebemos nós mesmos. Se fosse somente um desejo em que você quisesse outra pessoa, então a outra pessoa não seria necessária. Você também não seria necessário. Se somente houvesse este desejo, então ele desaparecia, uma hora ou outra. Quando você senta em zazen muitos pensamentos aparecem e desaparecem, aparecem e desaparecem. É a mesma coisa. Este koan não está te pedindo para responder qual a melhor forma do monge responder à mulher. Ele traz à tona a mente questionadora, a consciência do problema, e nos lembra que estamos envolvidos com as nossas percepções. "Quero estar próximo dela, quero ser seu amigo", o pensamento de que esta idéia não é boa e que você deve se livrar dela é uma percepção que surge porque você percebe outra pessoa.

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"Vocês estão vendo o rosto de Kogaku Ishigawa (eu [o palestrante]). Mas, quando eu vejo a mim mesmo como Kogaku, eu vejo sem perceber eu mesmo. O monge tentou fazer algo sobre o "eu" que suscitou o desejo pela jovem mulher. Ele está somente tentando se tranformar em um "penhasco frio" de propósito. Em lugar algum há um "eu" que deva fazer algo. Há somente o desejo. Há sofrimento como somente sofrimento, prazer como somente prazer, desejo como somente desejo - isto quer dizer que não é possível que seus julgamentos de valor e preferências possam entrar.

"Tornar clara a nossa condição, agora, sabê-la claramente, é Zen. O fato, agora, de ter suscitado o desejo pela mulher é algo que surgiu por meio de condições. Os fatos que surgem e desaparecem por meio de condições não são manipulados por meio de pensamentos [humanos], nem são algo que nós escolhemos. Não se pode duvidar disto. É porque nós duvidamos que [então] sofremos, pensando: "devo pegar ou devo rejeitar [isto]?" Este tipo de dúvida surge por meio dos nossos julgamentos de valor sobre as condições deste momento.

"As pessoas não podem fazer nada sobre o desejo que surge por causa de condições. Estaria, então, tudo bem em simplesmente deixar a função do desejo ser tal qual é. Mas, porém, a consciência humana não pode fazer isto, e tenta funcionar. O resultado da condição de ser abraçado pela [jovem] mulher é que o desejo surge. Se você tornar-se um com o desejo, então, ele desaparecerá. Isto não é trazer o fato para perto, ou empurrá-lo para longe. Mesmo que você pense em agarrá-lo, ele naturalmente desaparecerá quando a condição desaparecer. Não importa quão desejável uma mulher pode ser, ela não servirá para sempre. É a mesma coisa.

"Também não se trata de mudar as condições de nascimento, morte, velhice e doença nas nossas vidas, de acordo com as nossas próprias preferências."

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