quarta-feira, 27 de julho de 2011

Fé e crença

A distinção entre fé e crença aponta para o fato de que uma religião historicamente dada e institucionalmente formulada sempre se refere a uma convicção responsavelmente assumida e vivida. Caso contrário, religião e fé tornam-se mero costume exterior ou dever imposto. Somente em experiências conquistadas pela crença se pode confirmar a fé. Por sua vez, a crença pessoal também se refere sempre a uma fé formulada, porque, caso contrário, ela não teria um lugar histórico e social; sem uma linguagem comum ela não poderia ser comunicada e não poderia confirmar-se numa vida comunitária.


Hans Zirker, filósofo e teólogo alemão

Creio que a maior analogia para se pensar esta questão de fé x crença é a linguagem. Caso você não tenha percebido antes, esta linguagem que você crê ser tão sua - afinal, é você quem a usa o tempo todo - foi transmitida e "ensinada" pelos seus pais, parentes, professores. No início, ela não tinha nada de sua. Isto, porém, não é impedimento para ela; não é por causa disto que a maldizemos e dizemos que ela é ruim por que "ela nos foi dada de forma não crítica", como uma crença. No começo, ela funciona como a crença. Cremos na linguagem de forma mágica, nos primeiros anos de vida. É preciso tempo e vida, porém, para que façamos da linguagem uma casa nossa; para que a tornemos nossa, a utilizemos da forma que nos aprouver.

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