Segue uma pequena conversa entre Michel Foucault e um monge desconhecido e Ōmori Sōgen, rōshi da escola rinzai (página 110 em diante, em inglês e sem algumas páginas, como cabe ao GoogleBooks fazer).
Foucault foi ao Japão na primavera de 1978, e permaneceu um tempo (indeterminado) em um monastério rinzai. É impressão minha ou na foto acima (tirada daqui) ele está com um rakusu? Enfim. Detalhe também para a escrita na parede: houve um concurso de caligrafia?
Esta época foi a transição entre A história da sexualidade e o seu interesse, segundo ele já antigo, na volta à antiguidade clássica: o seu seminário A hermenêutica do sujeito, em 1981-82, é um dos mais refrescantes trabalhos de Foucault, onde ele discute e analisa o que chama de técnicas de "cuidado de si" dos estóicos, epicuristas e seu tranbordamento e mudança no cristianismo nascente.
Neste pequeno bate-papo, um tanto carente do vigor foucaultiano, para quem o conhece (educação e modéstica nipônica? ou Foucault simplesmente "ficou zen"?), ele discute, por cima, a diferença entre o misticismo cristão e misticismo zen ("o misticismo em si sendo diferente, mas as técnicas sendo parecidas"), a universalidade do zen, o Ocidente/Europa e a sua "crise" moderna - morte da(s) revolução(ões), fim do marxismo, e assim vai.
Ele estava, evidentemente, mais a fim de perguntar do que de responder.
Dizem os passarinhos que há uma foto dele zentado em zazen: quem a tiver, me mande, por puro fetiche.