De vez em quando eu sinto o estranho sentimento que, praticando o zen, faço algo que vai "contra a correnteza": esta forte correnteza da vida cotidiana, da nossa cultura, dos valores que estão circulando pelas ruas e que, queremos ou não, fazemos parte. Inegável.
Como se eu tivesse importado uma prática secreta de um outro mundo, dos selenitas talvez?, e praticasse em uma espécie de espaço separado ou segredo.
Isto é um problema. Um problema de forma, creio eu. O zazen "puro" não tem nenhum destes problemas, mas dificilmente se "faz" um zazen puro, então isto também é inevitável. O corpo foi praticamente modelado de forma diferente, a herança cultural é a nossa mais premente companheira. Observemos nossos sábios e filósofos e contemplativos e donas-de-casa e coletores de lixo para perceber isto.
Talvez sejamos (talvez não) os primeiros a encarar dhyana e samadhi sem proteções, sem joelheiras e capacetes, já de saída. E não creio que tenhamos que "desconstruir" nosso pensamento para depois ter que adotar outro, japonês ou chinês ou hindu, mais conveniente.
Claro que podemos, mas para quê?
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